
Lideranças indígenas emitem nota de repúdio contra novela gravada em MS
A publicação assinada por Caio Henrique Alves de Arruda, cacique da Aldeia Aterradinho e Osvaldo Correia da Costa, cacique da Aldeia Uberaba
| POR GIZELE ALMEIDA/DOURADOS NEWS
Lideranças do Povo Guató, do Pantanal, de Mato Grosso do Sul, emitiram nota de repúdio à telenovela da Globo Terra e Paixão por discordarem da forma como é mostrado o personagem Pajé Jurecê Guató. Para eles, o contexto expressaria discordância da realidade do Povo Guató.
A publicação assinada por Caio Henrique Alves de Arruda, cacique da Aldeia Aterradinho e Osvaldo Correia da Costa, cacique da Aldeia Uberaba fala em esclarecimentos para o público e da invisibilidade sofrida pelos povos indígenas do Pantanal.
“Vimos a público esclarecer que nunca estivemos extintos ou a beira da extinção no Pantanal, como sugere a trama da telenovela “Terra e Paixão”, produzida pela TV Globo e exibida desde maio de 2023. A bem da verdade, há mais de um século o nosso povo vem sofrendo um processo de invisibilidade étnica promovido por pessoas e instituições das mais diversas. O propósito maior desse processo de invisibilização está associado a violação dos nossos direitos e a apropriação indevida das terras e águas que há séculos tradicionalmente ocupamos na região pantaneira”, destaca trecho da nota.
Em continuidade, o trecho frisa que o descontentamento é motivado especialmente por como o Pajé Jurecê Guató é apresentado ao público.
“ Nosso repúdio se deve, especialmente, a maneira como foi criado e é retratado o personagem indígena Pajé Jurecê Guató, e não pela brilhante interpretação feita pelo nosso parente prof Dr Daniel Munduruku”, diz.
Em site oficial, a Globo apresenta o personagem da seguinte forma.
“O personagem é um homem cheio de sabedoria que tem plena consciência da situação dos indígenas, mas olha para tudo de forma contemplativa, pois “outros mundos surgirão”. Jurecê é procurado pelo povo da cidade, graças a sua grande sabedoria”.
Ainda na nota apresentada, as lideranças afirmam que “o Pajé, embora sábio como são os xamãs indígenas, está mais para um rezador Mbyá, Guarani ou Kaiowá e, portanto, não se parece culturalmente com nosso povo”.
Veja abaixo a nota na íntegra: