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Visitada por ministra dos Povos Indígenas, casa de reza é incendiada em Caarapó

| POR ALINE DOS SANTOS/CAMPO GRANDE NEWS


Casa de reza foi incendiada na tarde de quarta-feira, em Caarapó. (Foto: Reprodução/Instagram)

Visitada pela ministra Sônia Guajajara (Povos Indígenas) em novembro, casa de reza em área em estudo para demarcação, no município de Caarapó, foi incendiada na tarde de quarta-feira (dia 21).

O incêndio foi divulgado na rede social pelo perfil Aty Guasu. “Oga pysy/Ogusu (Casa de Reza) já vinha sofrendo várias ameaças para ser queimado a duas semanas atrás, segundo testemunha já tinham tentando queimar pois não conseguiram (...) Não queimaram apenas a nossa casa sagrada, sim os nosso corpos, uma parte do povo Guarani Kaiowá”, diz a publicação.

De acordo com Nourivaldo Mendes, conhecido como Simão, as pessoas viram a movimentação de dois adolescentes e suspeitam que eles tenham provocado um curto-circuito.

“Só viram os dois moleques correndo. Não fizeram Boletim de Ocorrência porque não conseguiram identificar ninguém”, diz. Ele mora em Caarapó, mas está em Brasília para agendas em ministérios.

“Já deixaram recado na minha casa que eu não ia passar do dia 25 de dezembro, Natal. Antes, já colocaram fogo ao redor da casa de reza. A gente não tem condições de fazer outra. Passei muito mal quando soube do incêndio, não consegui dormir. Lá foi construído com muito custo. Eu estava doente, tinha passado por cirurgia. Acabou que queimou sem inaugurar”, afirma a liderança indígena.

A inauguração seria em 14 de junho. Nesta mesma data, mas no ano de 2016, o agente de saúde Clodiodi Aquileu Rodrigues foi assassinado.

Em 24 de novembro do ano passado, a ministra Sônia Guajajara participou de Aty Guasu, assembleia indígena, em Caarapó. Logo na chegada ao local, ela foi acolhida por mulheres e seguiram para a casa de reza, entoando orações.

Antiga área Yvu, atualmente chamado de tekoha kunumi, as terras estão na portaria do “TI Dourados Amambai Peguá I”, que abrange os municípios de Caarapó, Laguna Carapã e Amambai.

De acordo com a Funai (Fundação Nacional do Índio), os guarani kaiowá que viviam na região foram forçados a sair quando a produção de erva-mate e a chegada de colonos gaúchos intensificaram o processo de expropriação dos territórios tradicionais e de expulsão das comunidades indígenas.

Ainda assim, os antropólogos responsáveis pelo estudo de identificação e delimitação da área, concluíram que os indígenas nunca abandonaram seus vínculos históricos, mantendo forte relação com a terra.

Chamas devoraram a estrutura, que seria inaugurada em 14 de junho. (Foto: Reprodução/Instagram)

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