Nos EUA, Eduardo Bolsonaro critica Tereza Cristina e Tarcísio de Freitas
Deputado, em autoexílio no Texas, ataca aliados de Bolsonaro e diz que só retorna ao Brasil se Moraes for sancionado pelos Estados Unidos
| CORREIO DO ESTADO / EDUARDO MIRANDA
Em seu “autoexílio” nos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não poupou de críticas aliados de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a senadora de Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina.
O deputado federal que está morando no Texas, e é apontado como um dos principais articuladores com o presidente dos EUA, Donald Trump, do tarifaço de 50% de produtos brasileiros, disse que a Lei da Reciprocidade, que foi regulamentado nesta segunda-feira (14) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para reagir às medidas de Trump, é uma “lei inócua” e lembrou que a iniciativa da matéria é da senadora sul-mato-grossense, Tereza Cristina.
“O Congresso aprovou uma lei inócua. E me causa estranheza gente da direita apoiar o projeto de lei da reciprocidade, porque ainda dá a oportunidade de o Lula dizer que está agindo em nome das instituições brasileiras, do povo brasileiro inteiro, porque foi um projeto aprovado com o apoio de muita gente da direita. Um projeto que teve a iniciativa da senadora Tereza Cristina”, disse Eduardo Bolsonaro em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
A lei criticada por Eduardo Bolsonaro teve como pano de fundo a possibilidade de defender setores da economia brasileira, como o agro, de taxas praticadas por outros países, como por exemplo, a União Europeia, mas agora, segundo ele, poderá beneficiar o governo Lula.
Eduardo Bolsonaro ainda falou que Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos principais presidenciáveis da Direita, sobretudo por causa da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, errou ao tentar negociar uma saída para as tarifas de 50% com a Embaixada dos Estados Unidos. “É um desrespeito comigo”, disse Eduardo Bolsonaro.
“Nós já provamos que somos mais efetivos até do que o próprio Itamaraty. O filho do presidente, exilado nos Estados Unidos. Queria buscar uma alternativa lateral. É um desrespeito comigo. Mas eu não estou buscando convencimento da população, eu estou buscando pressionar o Moraes”, afirmou o deputado federal na mesma entrevista.
Eduardo Bolsonaro ainda afirmou que não arrepende da pressão que fez por retaliações ao Brasil durante o período em que está morando nos Estados Unidos, ainda que sua atitude possa favorecer o presidente Lula. Ainda afirmou que só voltará ao Brasil se o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, sofrer sanções do governo norte-americano.
A um outro veículo, o Estado de São Paulo, Eduardo Bolsonaro disse que “por ora”, não volta ao Brasil, o que pode levá-lo a perder o mandato. Ele pediu licença em março, e o afastamento vence na próxima semana.
“A minha data para voltar é quando [o ministro do Supremo Tribunal Federal] Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender.”
O processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado no STF, está entre as causas das tarifas anunciadas por Donald Trump. Em documento publicado na semana passada, ele chama o processo do STF contra Bolsonaro de “perseguição” e de “caça as bruxas”.