Vereador parte para briga com manifestante em sessão ordinária e precisa ser contido por colegas
A confusão começou após a votação da LDO e 'cutucões' entre PT e PL.
| CORREIO DO ESTADO / KARINA VARJãO
A sessão ordinária da Câmara Municipal de Campo Grande de hoje (3) terminou em discussão após o vereador André Salineiro (PL) entrar em confronto com um manifestante que estava na plateia.
A confusão começou durante a votação da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano de 2026. O vereador Jean Ferreira (PT) utilizou seu momento final de fala para manifestar descontentamento com emendas do Partido Trabalhistas que foram barradas pela bancada do PL.
Ele alegou que a bancada do PL Nacional vota contra projetos que são de interesse da população como a isenção da cesta básica, fim da escala 6x1, isenção do imposto de renda para pessoas mais pobres e taxação dos “super ricos”.
“A bancada do PT colocou 128 emendas na LDO porque a gente cultua o valor do orçamenmto participativo, atendendo as demandas populares, não só das nossas bases, mas as vezes, de vários setores que muitas vezes não sao das nossas proprias bandeiras. E a gente ve a bancada do PL que colocou só 32, e nós não votamos contra nenhuma. Eles votam contra as nossas por razões ideológicas, isso é lamentável, porque isso mostra cada vez que estão contra o povo”.
Além das críticas relativas à votação da bancada, Jean ainda ressaltou que o PL é contra o povo porque “se silenciam contra a prefeita Adriane Lopes e contra a população que rejeita a gestão que é esperada dela”.
Logo após, a vereadora Ana Portela replicou a fala dizendo que as emendas sugeridas pelo PT não são “prioridades para Campo Grande”.
Na sequência, o vereador André Salineiro apresentou insatisfação com o discurso de Jean porque, segundo ele, “querer fazer um discurso querendo jogar rico contra pobre, negro contra branco, faz parte da militância da esquerda que não ‘cola’ mais para a população”.
Ele ressaltou que um dos projetos sugerido pela direita e passado pela Câmara dos Deputados foi a progressão de regime de crimes hediondos, para que os presos paguem pena em regime fechado, e disse que “isso, sim é projeto, não esses projetinhos de esquerda, querendo colocar a direita em maus lençóis”.
Salineiro ainda ridicularizou o projeto que visa o fim da escala 6x1, alegando que “o que a esquerda quer é escala 4x2. O PT quer receber mais e trabalhar menos, é sacanagem isso”.
Em seguida, um homem na plateia começou a gritar com Salineiro, dizendo que o vereador havia votado “a favor do aumento do seu salário”, fazendo menção ao aumento salarial dos vereadores em 37%, que passou a valer em janeiro deste ano e o projeto que reajusta, de forma escalonada, o alto escalão do Executivo.
Furioso, o vereador foi para cima do homem, precisando ser contido pelos colegas e assessores, proferindo xingamentos.
O presidente da Sessão, o vereador Epaminondas Neto, o Papy (PSDB) solicitou ordem, acionou o sino e pediu para “segurar o André” e pedidos de “calma”. Em seguida, ressaltou que manifestações podem acontecer na Casa de Leis, desde que através de sinais, conforme o Regimento Interno. “Cidadãos são bem vindos aqui, mas precisamos de ordem”.
Papy afirmou também que pensamentos, valores e ideologias vêm de convicções pessoas, mas que não podem usar o tempo de fala para gerar ataques pessoais ao outro.
“Quando a gente começa a falar a respeito do outro, seja o partido ou a ideologia, vai manifestando palavras, falas e isso nunca vai para um caminho bom. Eu alerto os colegas para terem responsabilidade com as falas. Falem sobre o seu trabalho e esqueça fazer ataques pessoais aos colegas. Fale o que precisa falar sem ofender e sem atacar, isso é importante para a condução e para nossa convivência”.
LDO
Na votação, três propostas foram rejeitadas em Plenário e outra incorporada. Foram destacadas para votação separadamente, quatro emendas relacionadas à abertura de créditos suplementares durante o exercício de 2026. Foi mantida a emenda da Comissão de Finanças da Câmara limitando essa suplementação em 15% das despesas constantes no Orçamento.
A proposta inicial da prefeita Adriane Lopes previa 30%. As emendas dos vereadores Dr. Lívio, Marquinhos Trad e vereadora Luiza Ribeiro buscavam limitar a 10%, mas foram rejeitadas em Plenário.
As emendas contemplam diversas áreas para o desenvolvimento de Campo Grande, como a saúde, que teve destaque com emenda voltada para Hospital Municipal, recursos para contratação de mais profissionais da área, casa de parto humanizado, além da área de bem-estar animal com Hospital Veterinário.
Há ainda emendas para investimentos em asfalto, ampliação de ciclovias e drenagem e contenção de enchentes, preservação de parques, recursos para inclusão, educação, habitação e segurança.
A previsão da LDO é de R$ 6,66 bilhões para o próximo ano, valor inferior ao estimado para o Orçamento deste ano, de R$ 6,68 bilhões. Caso seja somado o valor do Regime Próprio da Previdência Social, a receita considerada é de R$ 6,8 bilhões.